Talidomida
Nome IUPAC: (RS)-2-(2,6-dioxopiperidin-3-il)-1H-isoindol-1,3(2H)-diona Fórmula bastão:
FORMA MOLECULAR DA TALIDOMIDA: C13H10N2O4
MASSA MOLAR: 258,23 g/mol
O que é e para que serve?
.A talidomida (C13H10N2O4) é uma substância usualmente utilizada como medicamento sedativo, anti-inflamatório, hipnótico e desenvolveu na Alemanha em 1954. Devido a seus efeitos teratogênicos, que a substância deve ser evitada durante a gravidez e em mulheres que podem engravidar, pois causar má-formação ou ausência de membros no feto.
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A droga foi desenvolvida em um laboratório alemão e lançada no mercado consumidor no final da década de 50. Considerada como calmante e ansiolítico, a Talidomida foi largamente usada por gestantes para controlar as constantes náuseas e a tensão, típicas dos primeiros meses de gravidez. No entanto, o alívio que se tinha no princípio transformava-se em desespero e angústia alguns meses depois. Ao longo dos anos 60, muitos bebês nasceram deformados, sem braços ou pernas, com deficiências na estrutura vertebral, cegos ou surdos.
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Algum tempo depois, que essas consequências eram provocadas pela Talidomida. A droga fora lançada no mercado sem ao menos de ter sido submetida aos devidos testes de laboratório. Em 1961, depois de muitos protestos e manifestações, a Talidomida foi proibida no mundo inteiro. O Brasil, no entanto que voltou a produzir o medicamento em 65, sob o pretexto de auxiliar no tratamento de hanseníase (lepra). A fabricação da Talidomida seria supervisionada pelo Governo Federal assim que acreditava não haver qualquer perigo.
No Brasil é comum fornecer remédios sem receita médica e também não é raro tomá-los por indicação de parentes, entre outros. O fato de não ser vendida em farmácias; não freia os riscos de novas vítimas.
A Talidomida é distribuída nos postos de saúde sem uma fiscalização rígida. Para se tiver uma ideia, os comprimidos vêm em cartelas; que não contêm qualquer bula sobre os efeitos colaterais gravíssimos que eles podem provocar. A única advertência é o desenho de uma mulher grávida com o símbolo de proibido, sem caixa ou bula. Dessa forma existem mulheres que pensam que o remédio é abortivo.
No caso de gravidez indesejada, tomam a droga para interromper a gestação, sem saber que estão se condenando a gerar um feto com deformações. Originado na Europa nas décadas de 1950 e 1960, a Talidomida era prescrita às mulheres grávidas com o intuito de aliviar náuseas e outros sintomas da gravidez.
Porém, logo após o início de sua comercialização no ano de 1957, começou a ocorrer diversos casos de Focomelia em recém-nascidos. A Focomelia é uma anomalia congênita em que a formação dos braços e das pernas fica comprometida gerando um encurtamento dos membros ficando semelhante a uma foca. Além da focomelia, outros problemas também podem ser causados pelo uso do medicamento durante a gestação como defeitos auditivos e visuais, na coluna vertebral, no tubo digestivo além de problemas cardíacos.
História e Ciência envolvida
A Talidomida entrou para o mercado em 1 de outubro de 1957 na Alemanha. Na época não se sabia dos riscos que o medicamento teria, acreditava-se que era totalmente seguro. Logo foi espalhado por 46 países com exceção dos Estados Unidos que possuía testes de medicamentos mais rígidos.
Foram feitos testes em ratos que não causaram problemas, porém seus organismos metabolizavam a droga diferentemente do organismo humano. Posteriormente, os mesmos testes foram feitos em coelhos e primatas onde ocorreram os mesmos efeitos nocivos que foram causados aos fetos humanos.
Pouco tempo depois começaram a ser expostos casos de más-formações congênitas em países como Alemanha, Reino Unido e Austrália. Essa geração de recém-nascidos ficou conhecida como "geração talidomida". Apenas em 1962, após 10.000 casos de focomelia pelo mundo, o medicamento foi banido da lista de medicamentos indicados.
Em 2010 cientistas japoneses constataram que o medicamento inativo a enzima cereblon que influencia na formação dos membros nos primeiros meses de gestação. Atualmente a Talidomida está sendo estudada para a possibilidade de combate de doenças como câncer de medula, hanseníase, lúpus, alívio dos sintomas de portadores de HIV, artrite reumatoide, dentre outros tratamentos.
No Brasil
No Brasil entre 2005 e 2010 foram distribuídas de 5,8 milhões de pílulas de Talidomida. Um país em que cerca de 20% da população vive abaixo da linha da pobreza, fato ocasionado por conta da desigualdade social, a falta de informação e de programas de saúde pública principalmente nas zonas rurais e nas comunidades contribuíram para o altíssimo número de casos de focomelia no país.
Em 1965 foi descoberto que a Talidomida possui efeitos benéficos no tratamento de doenças como a Hanseníase (Lepra), AIDS, Lupus, doenças crônico degenerativas como câncer e transplante de medula.
Atualmente no Brasil a regulamentação para o uso da droga é bastante restrita, podendo ser receitada apenas para mulheres que utilizam pelo menos dois tipos de contraceptivo e com testes regulares de gravidez. Além dos alertas contidos na embalagem do remédio.
Se não forem tomadas medidas de prevenção do uso do medicamento e as pessoas mais pobres não tiverem acesso a informação, a Talidomida continuará sendo prescrita junto ao risco de milhares de bebês nascerem com deficiência física.
Embalagem com alerta sobre os riscos do medicamento.
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Onde encontramos a talidomida?
1954: Alemanha desenvolve droga destinada a controlar a ansiedade, tensão e náuseas.
1957: a droga passa a ser comercializada em 146 países.
1960: descobertos os efeitos teratogênicos provocados pela droga quando consumida por Gestantes: durante os 3 primeiros meses de gestação interfere na formação do feto, provocando a Focomelia (aproximação/encurtamento dos membros junto ao tronco, tornando-os semelhantes aos de focas).
1961: a droga é retirada de circulação em todos os países, à exceção do Brasil. Têm início processos indenizatórios em diversos países.
1965: Dr. Jacobo Sheskin, médico israelense, descobre efeitos benéficos da droga no tratamento da hanseníase. Com isso, volta a ser comercializada.
NO BRASIL
1958: tem início a comercialização da droga.
1965: a droga é retirada de circulação, com pelo menos 4 anos de atraso. Na prática, porém, não deixou de ser consumida indiscriminadamente no tratamento de estados reacionais em Hanseníase, em função da desinformação, descontrole na distribuição, omissão governamental, automedicação e poder econômico dos laboratórios. Com a utilização da droga por gestantes portadoras de hanseníase, surge a segunda geração de vítimas da Talidomida.
1976: tem início os processos judiciais contra os laboratórios e a União.
1982: após várias manifestações que sensibilizaram a mídia, o governo brasileiro é obrigado a sancionar a Lei 7.070, de 20 de dezembro de 1982. Tal lei concede pensão alimentícia vitalícia, que varia de meio a 4 salários mínimos, de acordo com o grau de deformação, levando-se em consideração quatro itens de dificuldade: alimentação, higiene, deambulação e incapacidade para o trabalho. De 1986 a 1991: com a inflação galopante e as mudanças dos indexadores econômicos, defasam-se drasticamente os valores das pensões vitalícias.
1992: surge a ABPST - Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida para defender os direitos das vítimas da Talidomida, muitas das quais simplesmente nem recebiam as pensões a que tinham direito.1994: é publicada a primeira Portaria 63, de 04 de julho de 1994, que proíbe o uso da Talidomida para mulheres em idade fértil.
1996: é formado o Grupo de trabalho para elaboração da 1º Portaria de Controle da Talidomida.
2003: é sancionada a Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, dispõe sobre o controle do uso da talidomida.
2005: é publicada a Consulta Pública nº 63 para proposta de novo regulamento técnico da Talidomida.
2006: é realizado Painel de Utilização Terapêutica da Talidomida, promovido pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
2007: é realizada nova reunião na ANVISA – Agência Nacional de vigilância Sanitária visando a flexibilização do uso da Talidomida.
2009: participação em reunião promovida pelo Programa de Hanseníase para discussão de documento visando Orientação no uso Controlado da Talidomida, para profissionais em saúde.
2010: promulgação da Lei 12.190 que concede indenização por dano moral às pessoas portadoras da síndrome da talidomida.
2010: reuniões com ANVISA, MORHAN, UFRGS para aprimoramento da regulamentação legal da talidomida visando a edição de uma nova Resolução para aprovação do Conselho Nacional de Saúde.
Décadas 1990 e 2000: a diversificação e a continuidade do uso da droga no tratamento de Lupus, Câncer, Leucemia, Vitiligo, Aftas, Tuberculose, etc. geraram o nascimento de dezenas de novos casos de crianças vitimadas pela droga (2º e 3º Geração); principalmente em função da desinformação, inclusive de profissionais da área da saúde e pela AUTOMEDICAÇÃO, uma prática constante no Brasil.
Qual sua importância na ciência?
Compostos quirais possuem em sua estrutura pelo menos um carbono assimétrico. Com isso, essas substâncias apresentam atividade óptica e, portanto, possuem isômeros que são a imagem especular um do outro e não são sobreponíveis, sendo chamados de enantiômeros.
Compostos quirais possuem em sua estrutura pelo menos um carbono assimétrico. Com isso, essas substâncias apresentam atividade óptica e, portanto, possuem isômeros que são a imagem especular um do outro e não são sobreponíveis, sendo chamados de enantiômeros.
Esse conceito tem sua importância para a indústria farmacêutica, pois quando determinado fármaco é desenvolvido, é preciso saber quais são os seus efeitos no organismo humano. Se determinada substância for quiral ou assimétrica, ela pode possuir enantiômeros com atividades farmacológicas diferentes.
Isso significa que enquanto um enantiômero causa o efeito desejado no organismo, o outro pode não possuir esse efeito biológico. Se esses isômeros ópticos estiverem juntos (mistura racêmica), um pode anular o efeito biológico do outro, diminuir ou até mesmo levar a um efeito diferente do desejado, causando danos à saúde do paciente.
Isso é muito perigoso, porque nos medicamentos sintéticos tem a tendência de existir a mistura racêmica, pois as reações estereoespecíficas (que levam a apenas um isômero) são difíceis e a separação dos isômeros é muito cara e complicada.
Isso ocorreu porque, conforme mostra a imagem a seguir, a talidomida é um composto quiral com atividade óptica; sendo que possui um enantiômero dextrogiro (desvia o plano de luz polarizada para a direita) e outro levogiro (desvia o plano de luz polarizada para a esquerda).
A talidomida dextrogira ou enantiômero R possui atividades analgésicas e sedativas, sendo inofensivo o seu consumo. No entanto, a talidomida levogira ou enantiômero S é teratogênico (do grego terás = monstro; gene = origem), ou seja, provoca mutações graves no feto. E o medicamento que foi amplamente receitado para as grávidas era uma mistura racêmica, o que significa que continha seus dois enantiômeros, em partes iguais. Entretanto, mesmo a talidomida dextrogira, que inicialmente é inofensiva, não tem seu consumo indicado, pois ela sofre racemização no organismo, dando origem à forma levogira.
O número de crianças vítimas do uso desse medicamento chegou a aproximadamente 12.000. Esse lamentável incidente chamou a atenção da comunidade científica e das autoridades do ramo farmacêutico sobre a importância de um centro assimétrico na atividade farmacológica. A quiralidade passou a ter destaque e a investigação cuidadosa do comportamento de fármacos quirais passou a ser fundamental antes de sua liberação para uso clínico.
Esse estudo é tão importante que, em 2001, três cientistas, K. Barry Sharpless, Ryoji Noyori e William S. Knowles, foram contemplados com o Nobel de Química por terem desenvolvido métodos para obter compostos enantiomericamente puros em escala industrial.
Retirado de: http://alunosonline.uol.com.br/quimica/a-quiralidade-industria-farmaceutica.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Talidomida http://www.talidomida.org.br/oque.asp http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/talidomida-continua-a-causar-defeitos-fisicos-em-bebes-no-brasil.html http://brasilescola.uol.com.br/quimica/talidomida.htm http://talidomida-anvisa.blogspot.com.br/p/perguntas-frequentes.html http://www.talidomida.org.br/oque.asp http://www.dicasdemulher.com.br/tudo-sobre-a-talidomida/ http://www.talidomida.org.br/oque.asp http://brasilescola.uol.com.br/quimica/talidomida.htm https://abvt.wordpress.com/o-que-e-a-talidomida/ http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgfbsAD/talidomida http://www.deficienteciente.com.br/um-pouco-de-historia-sobre-talidomida.html http://m.alunosonline.uol.com.br/quimica/a-quiralidade-industria-farmaceutica.html